Émile Durkheim era adepto do paradigma positivista. Possuía uma visão otimista da sociedade industrial em oposição à visão dos socialistas. Segundo o sociólogo, a crise na sociedade europeia não se devia a fatores de ordem econômica, mas antes a fatores de ordem moral (clara contraposição aos socialistas que viam na questão econômica a raiz do problema).
Durkheim entendia que a divisão social do trabalho aumentaria a solidariedade entre os indivíduos possibilitando a construção de relações de cooperação entre os homens. Nesses termos, a divisão do trabalho é revista e ressignificada tendo por função criar o sentimento de solidariedade entre pessoas, integrando o corpo social, garantindo sua unidade e tornando possível, assim, a existência das sociedades. O objetivo deste texto é tratar brevemente ambos os conceitos de solidariedade mecânica e orgânica.
SOLIDARIEDADE MECÂNICA
Um dos conceitos fundamentais em Durkheim é o de solidariedade mecânica, segundo o qual nas sociedades anteriores à capitalista (feudal), as pessoas estiveram unidas por laços de semelhança na religião, tradição ou sentimentos. Nesse tipo de sociedade, marcada pela ausente ou limitada divisão social do trabalho (às vezes ocorre uma divisão sexual) as consciências dos indivíduos se assemelham, tornam-se um todo social praticamente indistinto pela ação de instrumentos repressivos, coercitivos, punitivos que visam homogeneizar o grupo social impondo-lhes um mínimo de semelhança como critério a ser atingido por todos.
Essa semelhança é percebida até mesmo no desempenho de suas funções. Para exemplificar, vale pensar no processo produtivo de um sapato. Nessa sociedade, todos os indivíduos seriam capazes de produzi-lo, haja vista conhecerem todas as etapas do processo: modelagem, escolha do tecido, corte, montagem e acabamento. Com a emergência da sociedade capitalista, e a divisão social do trabalho, desenvolve-se um outro tipo de solidariedade, a solidariedade orgânica.
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
A solidariedade orgânica surge num contexto de sociedades mais complexas em que a divisão social do trabalho passa a demandar a especialização das funções desempenhadas na produção material da existência no âmbito das indústrias. Nesse tipo de sociedade, em razão do alto grau de especialização das funções, o indivíduo não mais é capaz de produzir, sozinho, o sapato. Ele domina apenas parte do processo produtivo. Os indivíduos passam a desempenhar funções que unidas contribuem para a sobrevivência e desenvolvimento da sociedade orgânica, que, como um organismo humano, precisa da cooperação de todos para que o todo social funcione.
Por não haver semelhanças capazes de dar coesão ao todo social, nessas sociedades se valoriza bastante ideias como cooperação, capacidade de trabalho em grupo e desempenho eficiente de suas funções. Um exemplo de solidariedade orgânica podemos pensar nas indústrias modernas e contemporâneas que, altamente marcadas pela divisão social do trabalho, delegam funções específicas a cada funcionário no processo produtivo.
SUGESTÃO AUDIOVISUAL
Para complementar e aprofundar o tema aqui abordado, sugerimos que assista ao vídeo temático do canal Sociologia com a Gabi, em que ela apresenta os conceitos e exemplifica, facilitando o entendimento.
Fábio Guimarães de Castro
Referências Bibliográficas
DURKHEIM, Emile. Da divisão do trabalho social. Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
RODRIGUES, José Albertino (Org.). Durkheim – sociologia; Tradução Laura Natal Rodrigues. 9 ed. São Paulo: Editora Ática, 2000.
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