quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Antifascismo

O que é antifascimo?

Na atualidade, posições e ideias fascistas têm ganhado público cativo e protagonista. Parte disso, é resultado da falência das instituições democráticas de direito, que não mais garantem as finalidades para as quais foram legitimadas, bem como a frustração e ressentimento dos que estão descontentes com as conquistas de direitos sociais por negros, mulheres, LGBTQs. Em resposta a esse crescimento da extrema direita é que se posiciona o Antifascismo como uma resposta “radical, urgente e necessária” visando impedir que o Fascismo crie raízes mais profundas no seio social e que a barbárie se reinstale.

Contrários ao ideal liberal clássico de Voltaire que propõe o direito de todos a dizerem o que pensam, os antifas (seguidores do antifascismo) recordando os efeitos de Auschwitz negam a todo nazista o direito à voz e ação.

O princípio é claro e direto: combater o fascismo e todas as suas crias ideológicas. É dentro deste contexto que é preciso compreender a clássica frase de Buenaventura Durruti: “O fascismo não é para ser debatido, é para ser destruído”. Não se dialoga com nazistas, racistas. Eles não estão dispostos ao diálogo.

Antifascismo

O Antifascismo se contrapõe aos que defendem a solidez das instituições democráticas na capacidade de lidar com os avanços do fascismo, em parte porque “os fascistas ocuparam o governo por vias legais e democráticas”, como aponta Mark Bray, portanto seus interesses estão muito bem representados (e legitimados por seus adeptos) em todas as esferas governamentais.

As eleições de Jair Bolsonaro, no Brasil, e Donald Trump nos EUA, foram bastante conturbadas no sentido de levantar polêmicas sobre ser ou não fascista seus modos de operar na política. É preciso compreender que ambos os presidentes deram voz ao conservadorismo extremo que preexistia no seio social de ambas as nações e que encontraram ressonâncias nas posturas políticas adotadas pelos referidos chefes de nação. Não à toa que após tais eleições, em ambos os países, houve a amplificação de discursos anti-direitos, discursos de ódio a minorias, constante tensão contra os coletivismos, dentre uma série de ataques a diretos básicos do cidadão. E isso pode ser facilmente observado ao se acompanhar a grande mídia nacional e internacional.

Mark Bray, em sua obra “Antifa: o manual antifascista”, entende o fascismo não como um evento datado e esgotado ao final da Segunda GM, mas como um “movimento trans histórico de práticas de extrema-direita que combinam o nacionalismo, a supremacia branca e a misoginia”. Dito isso, o Antifascismo surge como um movimento transnacional que reuniu diversos atores históricos afeitos aos princípios socialistas, anarquistas e comunistas com intenção comum de destruir na raiz o fascismo, impedindo a manifestação e divulgação de ideários neonazistas e supremacistas brancos que ancoram práticas racistas, sexistas, homofóbicas etc.

É importante afirmar que, diverso do que ocorre nos EUA, os antifas não são considerados, no Brasil, grupos clandestinos, ligados quase que automaticamente ao terrorismo; razão pela qual universitários, professores, políticos, policiais, youtubers e demais adeptos se declaram publicamente em seus perfis das redes sociais como sendo antifascistas e ajudam no combate ao racismo, machismo, homofobia, transfobia, xenofobia de grupos fascistas. Isso não quer dizer que o Estado veja os antifas como amigos, ou que não serão monitorados (relatórios de inteligência estatais) ou perseguidos politica e policialmente.

SUGESTÃO AUDIVISUAL

Para complementar as informações aqui presentes sugerimos que se assista ao vídeo: “É preciso ser antifascista” de Caio Blanco.

Fábio Guimarães de Castro

Referências Bibliográficas

BRAY, Mark. Antifa: o manual antifascista. Tradução Guilherme Ziggy. Autonomia Literária. São Paulo, 2019.

PLANÉTES, Coletivo. Formando um grupo antifascista: um manual. 2019.

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