O que é o processo de socialização?
Os processos de socialização ocorrem em toda a trajetória vivida desde o nascimento à morte do indivíduo, moldando-lhe e permitindo-lhe a sua participação efetiva na vida social. Estamos sendo socializados neste exato momento independentemente de onde estivermos, ou ainda a atividade que estivermos desempenhando. Todos os nossos atos e pensamentos se processam por adequação ou reconstrução de normas, valores sociais, sem, contudo, reduzir os processos de socialização a uma mera imposição dos valores, normas e costumes sociais sobre o indivíduo, já que vai muito além disso.
Nesse processo, o indivíduo é tanto passivo, no sentido de assimilar valores e normas sociais que lhes são impostas pela família, escola, comunidade; quanto ativo, na sua capacidade de releitura, interpretação e adequação das estruturas sociais ao seu modo particular de compreender sua existência e dar sentido a ela, construindo a realidade em que vive. Nesse sentido, até mesmo gêmeos univitelinos, criados num mesmo ambiente familiar, social e cultural, ainda que socializados de modo bastante semelhante, tendem a apresentar comportamentos sociais diversos entre si que os particulariza, individualiza enquanto seres sociais.
Daí a importância de compreender que, conforme aponta Abrantes (2011): “pela sua natureza social, o ser humano, apenas pela socialização pode sobreviver, desenvolver-se e tornar-se pessoa”. Isso fica evidente quando nos atentamos que dentre as espécies animais o homem é um dos que nasce mais despreparado e permanece inábil por mais tempo a desempenhar funções básicas que lhe permitam a sobrevivência sem a necessidade de cuidados, atenção por parte de seus semelhantes. Esses cuidados moldam o desenvolvimento da linguagem, pensamento e racionalidade. No limite, constituem a pessoa humana através dos instrumentos de controle de nossos desejos e paixões.
Os processos de socialização são quase sempre permeados pela individualização, pela forma como cada pessoa internaliza as normas sociais e culturais de sua comunidade. Desse modo, crianças educadas em ambientes diferentes sejam eles rurais ou urbanos, progressistas ou conservadores, providos em maior ou menor grau de capital cultural terão processos de socialização muito diversos, o que implicará em individualidades, particularidades nas suas formas de compreender e agir no mundo à sua volta, bem como no acesso privilegiado ou não a direitos sociais.
Desse modo, Abrantes (2011), partindo das leituras de Elias e Bourdieu, propõe uma (re)definição para o conceito de socialização como sendo “processo de constituição dos indivíduos e das sociedades, através das interações, atividades e práticas sociais, regulado por emoções e relações de poder”. Os estudos clássicos em sociologia da educação tomam como espaços privilegiados de socialização a família e a escola que cumprem a finalidade de educar os membros imaturos da cultura, preparando-os para a vida em sociedade.
Fábio Guimarães de Castro
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRANTES, Pedro. Para uma teoria da socialização Sociologia, Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Vol. XXI, 2011.
SETTON, Maria da G. J. A Particularidade do Processo de Socialização Contemporâneo. Tempo Social, 2005.
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